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Caminhos sem fim
Eu queria uma lápide
Um lugar que me dissesse Que me acalentasse Com a razão Eu queria uma face Que nela eu tivesse Que ela me mostrasse O porque da solidão Eu queria me sentar Como outrem me sentei E com o coração apertado Ficar ali e esperar Sentada, como em criança, Quase imóvel, coração na mão, E alimentar a esperança De ter luz pra minha escuridão Como outrora, Sentaria na calçada, Do pátio de minha prisão E mesmo acordada Esperaria a luz pra minha visão Uma resposta Uma razão Um motivo verdadeiro Pra acalmar meu desespero Um porque que aliviasse Essa dor de nunca ser E se a resposta morasse Numa pedra em uma lápide Aceitaria meu viver Mas não há pedra Nunca a figura se mostrou Tudo que escavei Me enterrou sem viver E pelos caminhos Fui sendo passageira Pelas vidas que encontrei Uma eterna forasteira A garota estrangeira Sem laços com ninguém E nesse eterno sempre ir Nesse eterno partir Nunca um ninho Pude sentir Eternamente na espera De um pouquinho possuir A existência em alguma vida E de verdade poder sorrir Tirar o peso desse caminho E toda poeira sacudir Sentir minha alma leve Mesmo que já me seja a hora de partir Só por um instante Ter satisfeito o desejo De me sentir importante Mesmo que no beijo a se despedir
Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 17/03/2021
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