Depois de tanto tempo
Te esperando
Tentando antever teus pensamentos
Percebi o que há muito já sabia
É o amor dar-se sem medida
Mas também aguarda o dia
Em que resignificará a agonia
Dessa espera que faz guerrilha
Entre a emoção
E o pensamento que me guia
Tu não sabes
Nem a mim percebe
Dou-te a alma
E a forma que a recebes
Se quer se inclina
Na consideração de quem entende
Vira mera atitude
É mentira que o amor nada espera
A espera lhe é constante
Como quem contempla a água
Tendo a sede na garganta
Não lhe basta a fitar
Necessita mergulhar
Os lábios ansiosos
Que lhe precisam sugar
Já faz tempo que o espero
E nesse tempo meu espectro
Vaga perdido entre os vivos
Num vagar sem sentido
Agarrado ao esperar
Se por vezes o cansaço
Toma-me a alma já sem corpo
Faz-me viva essa dor
Sinto-a infindável
Que já se mistura ao meu amor
Tornando-me incontrolável
O que à você é imperdoável
Lançando-me ao que teus olhos
Não se prendem por temor
De ter-me perdida no pranto
Desse tempo sem teu calor
Já não sei o que queres
Mas sei bem do meu querer
Nele já não cabe o pranto
Nem a loucura de não te ter
O tempo da solidão
Já não guarda ilusão
E por isso digo agora
Esse é o tempo
Essa é a hora
Qualquer segundo fora desse
Traz a morte
Leva você