Sentimentos são coisas delicadas
Alteram-se com simples palavras
Chegam a transgredir a sanidade
Nessa inconstante capacidade
De seguir na tênue linha
Sem alternar ou cair
Sem chorar ou sorrir
E quando há incerteza
Nada lhe garante clareza
A palavra fala
O silêncio grita
Uma vírgula insita
Os pensamentos se emaranham
E o vociferar interno
Surge a devorar
Cada esperança
Cada ideia de prosperar
E internamente a guerra se faz
Entre o esquece tudo
E não deixe pra trás
Nesse embate feroz
O sentimento se alterna
É medo
É saudade
É vontade
E muito mais
No final a voz se cala
A lágrima fala
E nada se ouve mais
Enquanto cada sentimento
Se debate e grita
Em um coração
Que diz não suportar mais
Até que o raiar do novo dia
Traz à luz outra fantasia
E bate forte, mais do que é capaz
E os sentimentos
Um a um
Se perfilam como barcos no cais
Esperando o momento
De se mostrarem nesse novo tempo
E fluírem e irem
Levados por novos ventos
Até que não se sofra mais