A notícia veio como navalha
Cortou na carne e na alma
Fez desmoronar o chão
Arrancou meu coração
No instante que chegou
Os meus olhos inundou
Em silêncio só ouvi
E me perdi
Sonhos se desmancharam
Como nuvem ao vento
E já não mais eram
Pra viver nesse tempo
Olhei ao meu redor
Nada havia pra se ver
Todas as vozes que eu ouvia
Só mais me desfazia
De repente pude perceber
Era vazia
Só solidão havia
Na vida que eu vivia
Desde o meu nascer
Estive a sobreviver
Entre pessoas que não podiam me ver
Era eu um espectro
Do que já não podia ser
Perdida em cada dia
Me escondia
Em nada cria
E crescia
Vi a infância se esvair
A adolescência invadir
E os sonhos iam mudando
Refazendo os planos
Mas a solidão ainda estava ali
Tempo que mudou
Responsabilidade chegou
E os sonhos
Um por um
Me afogou
No agora sonhar não posso
O futuro é impróprio
E soube ouvindo
A sentença decretada
Sem uma alma que me acompanhava
Pois comigo estava
Tão somente a velha companheira
Dessa minha história
De tantas tentativas
De glórias não vividas
Só a solidão na minha vida
E só hoje eu te quis ter
Nesse instante a me acolher
Mas onde estava você?
Eu não sei
Não posso responder
Se quer deixou uma palavra
Ou de mim quis saber
E como última lembrança
Ficaram as duras palavras
Deitadas na arrogância
De quem quer ofender
E nada mais deixou
Essa é a memória que ficou
E quando a luz se apagar
Nada restará
Nem choro
Nem saudade
Vai comigo o amor não vivido
E só por mim sentido
Hoje choro
Por saber que terminou
Mas também comemoro
Pelo fim de tanta dor
E se hoje te esperei
Também agora eu sei
Não vim viver amor
Vim experimentar a dor
E na dor me vou