De onde vim...foi assim
Lugar frio
Um frio que não aquecia Não o corpo Mas a alma Tudo não me pertencia Uma estranha Entre tantos outros Que para enganar a tristeza Nos levávamos em sonhos Planos Aguardando pela chegada De alguma coisa Que olhasse e desejasse Como quem olha Pão na padaria E levasse na sacola Aquela alma que ao olhar Esperava ser vista Sentida Escolhida E quem sabe assim Também pudessem a amar Para uns a sorte sorriu Enquanto outros ninguém viu Entre tantos fiquei também Escolhida por ninguém E o tempo não sorriu E cada um sentiu Já não havia tempo O que restava no momento Era estar preparado Para o que viria Quando a idade não permitiria Ficar onde toda vida Estivemos a habitar Com nossa velha companheira A solidão que incansável Nunca nos deixou ficar Envolvidos em outros braços E quanto mais o tempo passava Menos acreditávamos Que ela iria nos deixar Fomos seguindo em frente Sem que a nós se apresentasse O amor que todos dizem Conforta e sabe cuidar Éramos as tralhas Abandonados a caminhar Pela vida sendo lembrados Que fomos abandonados Por ninguém nos amar Crianças, adolescentes Forjados para aceitar Que ninguém nos queria E sozinhos seguiríamos Enquanto o coração Repleto de sentimentos Tristezas e lamentos Aprendera a não acreditar Que nesse mundo Alguém nos pudesse amar Uns se arriscaram Apostaram em buscar Tudo que lhes foi negado Enquanto uns mais feridos Por nunca ter conhecido O primeiro amor que deveria Por eles lutar E confiar era difícil Se arriscar assustava Por medo de se machucar Em outro abandono E ter que com outra dor lidar Entre esses estava eu Que ao me olhar não via O que pudesse se amar Se minha progenitora Largou-me sem problemas Seguiu sem nunca repensar Apenas não me quis E foi ser feliz Onde eu encontraria Uma única pessoa Que me veria E sentimentos por mim teria Diante de tantos desencantos Fugi de tudo que pudesse afetar E fazer meu coração sangrar Confiar era difícil Necessário me negar E só quem viveu isso Sabe ser quase impossível Confiar sem ter como provar Palavras ditas Mas não vividas Desencontro a descontentar E nas minhas palavras Tantas vezes quis mostrar Tudo que eu esperava Que pudesse me provar Mas enfim novamente o tempo Provou não aceitar Que pudesse haver um fim Dos vazios ocupados Por dores bem cravadas Numa solidão sem abraço Assim você partiu Nada viu Concluiu por uma cena E desistiu de fazer O que desde o início Esperei de você Ser eu a escolhida Sem ser dividida Mas escolheu não fazer Se escondeu no tempo Em razões que não traziam Explicação para assim ser E fermentou meus medos Me deu motivos para me esconder E quando deu por si Já havia tanto tempo Que eu já era só lamento E ao contrário do que dizia Passou a me dizer Que todas as culpas eram minhas Que não mais podia Continuar a viver Uma história onde dizia Que eu só mentia E passou a me dizer As palavras mais pesadas Que me machucaram Mas você não se importava E se eu tentava À você esclarecer Mais você falava Mais me machucava E dizia não se importar Que eu que fiz errado Como se não também tivesse Erros que cometesse E que também pesavam E então eu pude ver Que amar é um dilema E nos faz cometer Erros e enganos Não como num plano De fazer o outro sofrer Mas por muitos medos E um deles é perder A pessoa que se ama E na vida deseja a ter Para toda eternidade Ser feliz e feliz a fazer Mas também o amor é frágil Delicada porcelana Que ao pequeno baque Pode até quebrar Noutras ainda pode Por ser um amor forte Conseguir perdoar E unidos de mãos dadas Verdadeiramente presentes As mão enlaçadas Sentir o amor mais fortemente Esse não foi nosso caso Nos teus erros eu perdoei Amei-te mais e continuei Esperando tua coragem De me fazer na tua vida A única de verdade No meu erro não foi capaz De perdoar e me amar Arrastou correntes atrás E nas últimas palavras Falou da tua mágoa E de ser difícil perdoar E pra me deixar mais claro Fez-me um pedido Sem pensar no que feria Mas no que você queria Respirei por um instante Pensamentos desconectados Coração despedaçado Mas fiz o desejado No pedido enviado E depois de tê-lo feito Você ainda achou que era teu direito Me ferir mais uma vez E quando te pedi Que não mais precisava Que eu já não te importava Desdenhou do meu sentir E outra vez disse a mim Que era o teu sentir que importava Que me perdoar não conseguia E sendo assim Eu te disse pela última vez O quanto te amava Mas que depois dali Não mais precisava Se importar com minha vida Que não mais havia Nada que nos ligava E antes que dissesse Qualquer outra palavra De você me despedi E nunca disse mais nada Deixei você seguir E voltei para minha condição Outra vez acompanhada Por minha solidão E as crenças que me habitavam
Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 14/08/2023
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