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Velhas lembranças
Estive envolta em pensamentos
Visitando na memória Lugares antigos Momentos vividos Lembranças de um passado Que, por engano, às vezes achamos Ter ficado para trás E em um desses passeios Pelo tempo no passado vivido Vi-me criança Entre tantas outras crianças Sentada numa calçada Que ficava em frente Ao velho pátio cimentado Com uma grande árvore Bem no meio plantada E essa lembrança Desse tempo de criança Trouxe a tona sentimentos Choros e lamentos Desse tempo lá de trás Era eu e outras tantas Mas na minha lembrança A única companhia que eu tinha Era a solidão recheada de ausência De uma dor que não tinha explicação Que apertava tanto o coração E também lembrei que nesse tempo As palavras ouvidas eram “Menina, engole o choro” E eu o engolia Na garganta descia Rasgando tudo por dentro Lembrei-me também da cama onde dormia No travesseiro onde escondia o rosto Para verter o choro Que antes tinha engolido Desse mesmo quarto também lembrei Das paredes mal pintadas Das rachaduras no chão Da poeira que guardava Tudo era simples e no simples que tínhamos Éramos sempre lembrados Que por termos sido abandonados Esse simples já nos era demais Mas eu com isso não me importava Nesse tempo meu único sonho Era sair desse abandono Mesmo que fosse para não ter cama Dormir no chão duro Mas não tendo mais comigo A solidão que sempre me acompanhava As lembranças desse tempo Me fizeram recordar que os momentos Que eu mais aguardava Eram os dias de visita E de quando de lá saía Para a escola ir Por serem os dois Momentos que eu imaginava Poderem levar embora A solidão que me assombrava Mas depois de um tempo Lembro que não mais assim pensava Não acreditava mais que alguém apareceria E da solidão me livraria E desse tempo guardei Lembranças de um lugar Que bem representava Através de suas paredes, Das rachaduras no chão Da poeira ali guardada Da grande árvore no pátio Bem no meio solitária Tudo que era eu Tudo ali me representava Os olhares das freiras Da frieza com que nos tratavam E foi nesse tempo que sugiram As primeiras feridas Que no tempo presente Ainda me acompanham Fazendo companhia Para a velha solidão Que até hoje segue comigo Como a poeira que a rachadura guardava Nem varrendo a deixava Hoje fui visitada Por antigas lembranças Do meu tempo de criança
Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 10/09/2023
Alterado em 10/09/2023 Copyright © 2023. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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