Gabriela S. Verdan

O amor me move. O amor me faz. Sou parte do amor e nem conheço o amor.

Textos

Nossa turva direção
Seguimos pela mesma estrada,
Cada um em uma direção,
Buscamos pelas  paragens da ilusão,
Mas em direção contrária,
O que faz com que bata forte o coração,
Fazendo assim com que eu sinta,
A alma tranquila para o céu voltada,
E assim eu consiga,
Ouvir a lira sobre o coração.


Seguimos buscando a mesma coisa,
Mas nos perdemos sem percebermos
Enquanto você segue buscando o que te alegre
E ris vivendo tua ilusão,
Eu soluço por âmago choro,
Dessa distância que denuncia,
Ser interminável minha solidão,
Louca, como dizias, peregrina,
E em toda parte, enfim, por onde passo,
Sigo chorando, tendo os olhos de menina,
Enquanto olho cantando os pássaros nos ramos.


Essas aves brancas amam tua voz canora,
Param o canto para te ouvir falar,
És um delicado sabiá da mata!
Canta sempre feliz e voa pelo ar,
Enquanto eu lembro triste a juriti que chora,
Por estar infeliz como eu agora,
E nesse canto dorido as  lágrimas desata.


Gostava tanto  de ver-te o rosto,
As vezes envolto de tua barba,
Limpo das névoas de um martírio vago,
Com teus cabelos a cobrir-lhe a testa,
O lábio em riso, desmanchada a cara séria ,
No olhar sereno a candidez do lago,
Enquanto eu apenas vago.


Sempre me pergunto quando sobre a areia
Em que tu pisas se  nascem rosas,
Por tanta beleza possuires no agora,
Dono dos meus sonhos das manhãs chorosas.


Por que trilhas na terra outros caminhos,
Se onde passas faz brotar mil flores,
Esta que te fala vai deixando espinhos,
E um longo rastro de saudade e dores?


Não me respondas... Conheço tua resposta,
Pela mesma estrada, em direção contrária,
Sigamos sempre em busca da Ilusão,
A alma tranquila para o céu voltada,
E que assim eu consiga,
Ouvir a lira sobre o coração.


Vamos, deixe ganhar o vento a doce voz canora,
Que ela afugente de mim  a tristeza desse açoite,
E, enquanto deixas o teu canto à aurora,
Eu vou chorando pela noite a fora,
Como em oração que por perdão implora,
E desse açoite amargo seja liberta,
E como tua voz que é liberta ao vento,
Também minha alma livre voe e desse corpo se solte,
Chegando às portas do céu,
Sob a trilha sonora da tua canção,
E desse momento em diante,
Não importará mais a direção,
Seja em direção contrária,
Ou que nessa seja não,
Pois não haverá mais dores,
Nem lágrimas de dissabores.
Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 13/09/2023
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Tela de Claude Monet
Site do Escritor criado por Recanto das Letras