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Prometa-me
Faz-me a última promessa
Mas essa a cumpra Prometa-me cuidar-se Prometa-me ser feliz Por você e por mim Viva tudo que eu não vivi Realize os sonhos que junto a ti Sonhamos mas não os vi Viva tendo contigo Um amor lindo Viva sempre sorrindo Prometa-me que terás Os pezinhos pequenos Um pouquinho os deixarás Correr e brincar Fazendo-se assim experimentar Os pezinhos sujinhos para os lavar Prometa-me que sempre os amará E para não te atrapalhar Prometa-me nunca de mim se lembrar Só seja feliz Quanto a mim, não se preocupe Guardei-me no silêncio Enquanto aguardo por um tempo Em que tudo se esvaia Para então, de outros eu peça O meu último pedido Pedirei que cubram-me somente O corpo já inerte De pétalas vermelhas E frescas açucenas brancas Que recitem-me um poema Nos gemidos de um piano Serenem meu sono breve Com um fado de ilusão Que mesmo morta Me permita um sonho vão Que queimem incenso Sem quaisquer prantos Plantem velas acesas pelos cantos Iluminem-me com a luz Para que essas sejam o que me conduz Não pedirei por amor Não o tive em vida Na morte só desejo flores Sorriam-me subtilmente Não serei ausente Minha alma vagar ainda Por entre quem me vela Portanto, não finjam Sigam como fizeram enquanto estava viva Derramem hinos de luz e de vento Retalhos de palavras retidas e rendidas Nos escombros deste tempo Palavras que não expressam sentimentos São apenas as esperadas Para serem ditas nesse momento Fazei dessa partida Uma inspiração à origem Como um embrionário regresso Ao ventre da Terra mãe Meu útero de silêncio De amor incompleto Cubram-me apenas O corpo ainda presente De rosas vermelhas E castas açucenas Não deixem a lágrima Mentir nesse momento Não é preciso fingir sentimento E quanto a ti...prometa-me Seja muito feliz Apague da memória que eu existi Guarde apenas o pouco bem que te fiz Ou esqueça-me completamente Se for o melhor pra ti
Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 23/09/2023
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