![]()
Somos casa
Entre antigos casarios
De tantas décadas atrás Caminhei observando E fiquei pensando Quantas histórias neles jazem Talvez algumas lindas Onde o amor se fez constante Outras de dor tamanha Por ter sido o amor ausente Todas, com certeza, Abrigaram famílias inteiras E fizeram parte Das chegadas e partidas Dos choros e alegrias Que toda família traz Me imaginei parte delas Não no tempo habitado Por tantos que nelas passaram Mas me vi através delas No tempo do agora Abandonadas e largadas Ao caprichoso tempo Que delas a cada dia Tira um pouquinho E as derruba sem burburinho Delas só não trago Também um tempo de família Nem de chegadas Mas apenas de partidas Também não vivi como elas A alegria de lindos sonhos Mas como elas Sobrevivi aos abandonos Não completa Mas tendo partes faltando Eram tão belas Imponentes despontavam Na paisagem se destacavam Diziam à sociedade Quais eram suas identidades Assim, as observando Uma tristeza foi me tomando O que antes era destaque O tempo foi derrubando Não por serem os dias Seus algozes Mas por lhes trazerem O tempo do abandono Tempo sem sonhos Tempo de no vazio existir Não por serem antigas Mas por já nelas não haver vida Só paredes frias Portas e janelas vazias Onde só o vento passa E a poeira levanta Como cabelos soltos Sem nenhuma trança Uns dirão ao vê-las Que arrepios os fazem sentir Achando-as assombradas E fazendo delas Abandonadas e incompreendidas Talvez por essa razão Elas tocam meu coração No abandono vivemos Não porque o escolhemos Mas por qualquer outra razão Junto a isso, vem a incompreensão Sangramos no silêncio Não esperamos atenção No final, é uma boa analogia Somos todos casas Umas habitadas Pelo amor cuidadas Outras abandonadas Largadas e descuidadas Mas ainda uma casa
Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 04/10/2023
Alterado em 04/10/2023 Copyright © 2023. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
|