Gabriela S. Verdan

O amor me move. O amor me faz. Sou parte do amor e nem conheço o amor.

Textos

Hiato
Não me lembro de quanto tempo faz
Desde a última vez que me vi a sonhar
Também não me lembro de me olhar
E ter sentido algo que me satisfaz

Tudo que me lembro
E queria esquecer
É do teu nome
E tudo que ainda sinto por você

Vives no que sinto
No que não digo
No nunca adormecer
Vives no meu tentar te esquecer

Te vejo em meus sentidos mais desertos
Nas miragens duma cena além do lar
Rolando a pedra dum sarcófago aberto
Que não exala cheiro, só mal-estar

Te vejo no meu passado
Na pedra que lacra o lugar
Onde decompõe meus sonhos
E meu corpo paralisado está

Te vejo na porta da alcôva -que outrora
Fôra a Fonte da Paixão (lubricos prêmios)
Mas o Anjo do Juízo julgou: Fora!
E queimou os sonhos em um incêndio

E no fim desse penar eu meço o imenso
Hiato que há entre a lágrima e o lenço
E as esquivas desde o encontro à despedida
Eterno amor já morto onde jaz meu corpo

Vive um vazio em mim ao lado do mundo inteiro
E o Sol da ira sobre a Esfinge de gelo
Que esvai-se em águas frias
Sem qualquer alegria

Como no céu a lua
Faz o amor viver
Em corações serenos
Vivo por amar você

Mas como o Sol e a Lua
Que juntos nunca irão viver
Assim também eu sinto
Que jamais estarei com você



Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 05/10/2023
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