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Espectro que ama
A pele fria
De triste figura Tocada por um vento Que sopra gélido assoviando Vai se esgueirando Pernas trépidas Quase não se aguentando Tenta chegar Pelas lápides se segurando Um corpo frágil Quase esquelético Arranja forças Prossegue se esgueirando Tropeça Cai As forças quase se esvaem Mas ela não pode Se entregar a própria sorte Tem que lutar E das entranhas Retira forças Se reergue Prossegue Entre os vivos permanece Mesmo já não tendo vida Pois morreu em sonho Enquanto dormia Como por engano E ela não sabia Que o mesmo amor Que a vida lhe restaurou Também ele seria O que a mataria Trôpega ela vai E sequer ninguém notou Toda dor que exala Desse frágil corpo cheio de amor Dá um passo e cai E outra vez se levanta Gastando cada gota De suas poucas forças Mas ela persiste Do amor não desiste Caminha pelas sombras Entre outros fantasmas Para não ser notada Pois ela tem medo Das palavras antes ditas Que lhe tiraram a vida Ela só deseja Nas sombras escondida Estar perto de quem ama E viver e morrer nesse sonho É tudo desconexo Ela sabe que é loucura Não há quem a ame Essa é a verdade mais pura Mas para ela isso já não importa Nunca teve amor E se ela ama Tudo o que ela precisa É tê-lo por perto Mesmo que ela saiba Que tuas mãos não o tocarão Que teus braços não o abraçarão Tua boca não terá o beijo Juntos nunca estarão Por ser ela um espectro Inexistente no que para ele É o que importa Também sabe ela Que viver de sonho É eternamente ser Inexistente para tudo E nem por um segundo Terá dele um resquício Que se possa chamar de amor Nessa caminhada Ela tão cansada Dias, noites, madrugadas Na sombras ocultada E de repente Um arrepio O corpo dela toma Outra vez ela tomba Já sem forças ela apenas sonha No chão frio Corpo esticado Pelo vento gélido tocado Mas em seus sonhos O teu amor nos braços a toma Ergue-o e o leva Enquanto teu olhar penetra na alma Descobrindo assim o segredo dela Um amor sem fim Que nem a morte carrega E pela primeira vez Os lábios dela Encontram-se com os dele Selando o que ela tanto esperou Teus mais lindos sonhos Nesse sonho de amor Essa moça desacordada Pensa que realizou Mas ela abrirá os olhos Se verá largada no solo Solitária como sempre Sem nunca perto ter estado Do seu príncipe encantado E de novo ela se levanta… Continuará nas sombras… Não ouvirá palavras de amor Mas as dirá todas Todos os dias Todas as noites Todas as madrugadas Mesmo que morta Segura na lápide Perto de seu amor tentando Chegar e ficar No silêncio mais profundo Que grita ao infinito O quanto o ama O quanto sempre amou Essa é uma história De um espectro que em vida Nem teve despedida E mesmo na morte Assim como na vida Sempre amou
Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 13/10/2023
Alterado em 13/10/2023 Copyright © 2023. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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