Navio ao mar
O que sei eu de mim
Se o que antes eu achava que sabia Se desfez ao primeiro vento E tudo o que eu dizia Que jamais eu faria Foram as primeiras coisas Que me peguei fazendo E ainda dizendo Que eram essas coisas O que tudo me traria Dos meus sonhos Dos tantos planos E depois que o vento passou Percebi ter sido Tudo um grande engano Portanto, nada sei de mim Sigo apenas buscando Uma razão para sorrir Em meio à tantos enganos Me perdi de mim Por vezes me sinto um barco No oceano deixado Navegando sem rumo Sem um porto Sem ninguém na proa Um barco abandonado Até mal assombrado Onde rangem correntes Vultos andam soltos Navega nas tormentas Quase naufraga E quando pensa estar Em águas calmas São rasas essas águas E há pedras a lhe rasgar Então precisa ele Para as águas profundas retornar E no meio do oceano Volta a se tornar Um navio solitário Sem ninguém embarcado estar Assim segue ele Nos rumos que o oceano lhe dá Assim sigo eu Nos rumos que a vida me dá Nenhum de nós tem escolha Nos resta apenas navegar Eu não sei de mim Ele não sabe do mar E aquele que diz Saber tudo de mim Sabe menos do que eu sei Erra ao me julgar Desconhece minhas feridas Não sabe o que me machuca Menos o que me faz alegrar A mim nunca deu nada Até por não saber o que dar Não conhece minha alma Mas acha que pode me julgar Se nem eu sei de mim Não é você que saberá Para tanto precisaria Sentar-se ao meu lado E provar Do tempero da minha vida E ainda assim Não teria como Dizer saber de mim A ponto de julgar Tudo que eu posso afirmar É sobre o que sinto Todo resto é navio ao mar
Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 18/10/2023
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