Por onde andas, meu doce passarinho?
Onde andas a pousar se é aqui o teu ninho?
Não me digas que andas a cantar
Por esse desconhecido lugar?
Não me fale que outros ouvidos são teus preferidos?
Quando lançaste ao voou
Pensei ser tu como outras aves
Que migram por longo vôu
Mas depois voam de volta ao lar
Mas só foste, meu passarinho
Não voltou mais de lá
E eu aqui sozinha
Fiquei a te esperar
Saudosa do teu canto
Do encanto do teu cantar
Não irás retornar?
Teu ninho está pronto
Construí com tanto carinho
Só pra você trazer de volta o teu cantar
Me diga, passarinho
O que precisas para retornar?
Já tens teu ninho
Queres comida no biquinho?
Ou preferes que te construa outro ninho?
Digas para que te faças
Apenas não me mates
Me abandonando nessa saudade
Tu não sabes, passarinho
Mas és tu o meu ninho
Sem você estou no relento
Desabrigada ao forte vento
Logo o inverno chegará
Achas que terei como suportar?
Morrerei, meu passarinho
Sem teu regresso
Sem ter meu ninho
Desde que foste, passarinho
Não houve uma só noite
Em que me aconcheguei
E depois descansei
Foram só noites de insônia
De ao relento sentir total abandono
Nessas noites, passarinho
Tudo que me deu força
Foi crer que tua partida
Traria o grande dia
De tua chegada ser o fim
De minha vida desacompanhada
Não deixes, passarinho
A estação do grande frio
Retornar sem tua chegada
Sem teu canto no nosso ninho
Sem tua volta, passarinho
Eu serei totalmente congelada
Não haverá mais nada
Somente um ninho vazio
Completamente abandonado
Sem mais haver sonho
Sem mais nada existir
Apenas um ninho
Que sequer de ninho pode ser chamado
Já que não fôra habitado
Apenas abandonado
Nele não nasceram
Nenhum filhotinho
Não foram alimentados
Nem sequer foram ovinhos
Por isso, meu passarinho
Tenha compaixão
Compreenda meu coração
Não se deixes nessa distância imensa
Isso não vale a pena
Regresse ao teu ninho
Não me mates nessa solidão