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Certezas
O tempo é algo de grande dualidade
Por vezes nos falta tempo Noutro sobra o tempo E nisso vai se fazendo a atual realidade Os dias possuem sempre O número de horas iguais Mas mesmo assim Cada dia possui um tempo Diferente das horas exatas Isso só depende Da nossa ansiedade Para mim, nesse tempo Sobram horas no meu dia Quase vejo o arrastar dessas horas Presas em correntes frias Amanhece e a noite não caminha Chega às onze mas não passa de meio dia E quando, finalmente, a noite se anuncia As correntes soltam o dia Para se prenderem na noite que erradia Trazendo leve sono que em meio ao abandono Vira uma crônica insônia E de novo as horas parecem acorrentadas Não chega meia noite Nem o sol se anuncia Os olhos sempre abertos Noite de agonia Pensamentos desconexos Mas sem fantasia Acordada dia e noite Acordada e sem sonhos Com os pés firmes no abandono Pés que acordados Caminham pela casa Impacientes e buscando Achar o que as horas ocupem Para deixar de se arrastar Entre cada segundo Se eu assim pudesse Eu transformaria Essas horas e a insônia Em momentos de alegria Mas não me resta nada Para que eu pudesse me apropriar E o que ficou não é nada para se interessar São tolices de menina Coisas de uma tola Então o que faço É de tudo me afastar Tento apagar as lembranças Esquecer que dita frase Que me falava de um amor Esquecer todos os sonhos Viver como se nada me fosse medonho Mas assim como esse trépido tempo Meus sentimentos Não atendem ao meu clamor E insistem em causar-me dor Mas tenho uma única certeza Mesmo porque foram tuas as palavras Remetidas com tanta amargura Que sonhar é me algo De tamanha loucura E assim segue a noite Logo chegará o dia Sigo acordada Em tenebrosa melancolia
Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 29/10/2023
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