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Corpo e alma
O corpo jaz em fria espera
Enquanto a alma vaga por entre tantos Em uma solidão que como manto A cobre e o corpo verga Os sentimentos dilaceraram o corpo E em tormento sua alma aflita Já nem fala, grita Implorando pelo amor e pela vida Enquanto olha, do lado de fora O próprio corpo que jaz inerte Tentando achar o que o converte O que o fará desse leito erguer-se Em uma difícil tentativa De achar sentido na vida Mesmo que só tenha vivido despedidas Assim a alma vai buscando Por todos os cantos Razões para secar o pranto Enquanto o corpo cansado Só deseja ficar ali deitado Por tantas vezes ter tentado Agora descrê que possa ter Razão qualquer para viver Prostra-se em sepultura Nem por flor espera Entrega-se às sombras Fazendo nelas uma mistura E assim esse corpo se disfarça A alma vai a loucura Tenta dar luz às sombras Para que o corpo não se esconda E através da luz vai criando cores Que reluzem sobre o corpo Em movimentos loucos E luz e sombra disputam o mesmo espaço Arranham do corpo os braços Que verte rubro sangue E nessa loucura tudo se mistura Luz Sombra Sangue Morte Vida Em desesperada dança Onde entre sentimentos e agonias A noite vira dia O dia vira noite Adulto e criança A morte e a vida Um termina o outro inicia O que inicia logo termina E nesse compasso renasce uma esperança Que nos primeiros raios morre pela espera A alma pede ao corpo e esse desespera Apenas quer a espera No frio da tumba que considera Ser essa a perfeita espera Faz-se ele novamente largado No leito para ele arrumado Enquanto a alma acelera No pulsar do coração Que já não espera Não tem mais ilusão E a alma insiste A vida não pode ser só triste E por isso considera Fazer da hora do presente Razão para realizar outra ação E erguer novamente o corpo que considera Finalizado o tempo da espera Nem a alma, nem o corpo Encontraram um acordo Um quer estar morto O outro quer sentir a vida Entre um e outro Segue a vida
Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 05/11/2023
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