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Notas em silêncio
Madrugada…
Violão na mão Dedilho as cordas Inicio uma canção Não qualquer uma Mas uma que toca Dentro do meu coração Ela me transporta Me leva até tua porta Voando pelo vento Em notas que traduzem meu sentimento Mas o que as notas levam Sobre elas não pesam Pois o que elas carregam Está em pensamento É uma viagem telepática Com as lindas notas E enquanto toco As lágrimas outra vez acordam Molhando as cordas Alterando o tom das notas E minha viagem de volta Noutras notas agora Me trazem de volta Não te vi em tua porta Nem te ouvi ali Mas foi o mais perto Que cheguei de ti Volto a mim Tento as lágrimas fazer que parem de cair Desvio o pensamento Do violão vou cuidando Suas cordas secando A música deixa de existir Volto ao silêncio Deixo tudo guardado nesse tempo Os sons que ouço São no momento composto Pela vida que segue aqui Violão guardado Sentimentos aprisionados Olhos fechados Pensamentos desviados Exerço o autocontrole Não exponho meus dissabores A vida não quer saber Já se faz tarde Não posso me esconder Levanto esse corpo Devagar o moço Sem ânimo para viver É hora do banho Da mágica fazer Lavar o desanimado corpo O preparar para na vida fazer O papel que esperam Onde nada revelo As lágrimas guardadas Viram sombras em sorriso Em um rosto construído Por bases, rímel, corretivos E tantas coisas mais Maquiagem que me faz Esconder as marcas das infinitas madrugadas Ajudando minha caminhada Entre tantos que de mim nada sabem Não por ser essa a minha opção Mas porque essa é na vida a condição Esconder as feridas Sorrir sangrando pela vida Em uma hemorragia não contida Mas que no externo não se vê então E nesse momento Não há notas no vento Vindas do meu coração De mim, só silêncio Até que esse corpo volte a estar sob abrigo Em meu esconderijo Para gritar com toda emoção Expondo as dores guardadas Os sentimentos aprisionados Dentro do meu coração E, quem sabe chegue o dia Da última melodia Onde as notas me levaram Através de tudo Para longe desse mundo E serei liberta De toda dor Sentirei o calor Que estar entre os braços Em um longo abraço Revelando ser esse o meu espaço Nesse instante de agora O silêncio tomou a música A vida segue lá fora A dor me devora E eu preciso sair agora Caminhar sem música Mas para vida arrumada Ao me ver na rua Não saberá que minha alma nua Morre em hemorragia Pois na minha face Enfeitado por maquiagem Há um sorriso em prece Para que termine logo esse dia E esse corpo assim possa Retornar à sua cova
Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 13/11/2023
Alterado em 13/11/2023 Copyright © 2023. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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