Cegos
De tudo que há em mim
Tudo que decreta o meu fim Não há olhar que em mim penetre Um olhar que me conserve O olhar que me olha por fora É incapaz de me ler os pensamentos De enxergar a dor que me devora De ver tudo que me consome em cada momento Perceber minha alma que se afoga Escutar meu grito de silêncio Sentir meus lamentos Escondidos em falsos contentamentos Ver meu peito completamente vazio Em meio as dores que o fazem cheio Das tristezas que fazem sentir tanto frio Entender que morreram minhas certezas E que hoje me afogo em tristeza Compreender que não tenho razão para lutar Pois as lutas de outrora todas não tiveram vitória Não se vê que minha ferida continua a sangrar E minha alma fez-se o reflexo de um moribundo E a cada dia que passa mais me afundo Passa o tempo… Me assombram os pesadelos Vivo em constante medo E no meio desse vazio tão cheio perco a razão E sinto que pouco a pouco pára meu coração Peço forças para continuar E no mais profundo Respiro bem fundo E o coração continua a pulsar E tudo o que para mim era tão real Desfaz-se nas águas salgadas à dor leal Outro dia amanhece Tudo se enternece E no silêncio companheiro Enquanto abro o chuveiro Na cabeça uma pergunta Vai e volta, faz grande bagunça Será que estou vivo por fora E aos poucos morro por dentro ? Será morri e sigo um espectro a me iludir? Será que não é dor e sim negação de partir? Essa dor não passa e a noite parece eterna Dentro, onde ninguém vê, tudo é cólera O vazio transborda no meu olhar E ninguém consegue notar O cansaço aos poucos me vai consumindo E dia após dia eu vou resistindo Um dia as forças me faltarão Um dia a alma mergulhará no vazio infinito E o corpo não terá forças para continuar E o tic tac do relógio anunciará Que já é tempo de parar Nesse dia talvez alguém irá perceber E o meu corpo irá ceder Darei à terra minha carne para consumir E o pó dos meus ossos será levado pelo vento E nem recordação serei Disso bem sei E quando o anjo da morte me vier buscar Não temerei em dar-lhe a mão Deixarei meu corpo pelo chão E nem assim me notarão
Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 24/05/2024
Alterado em 24/05/2024 Copyright © 2024. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |