Gabriela S. Verdan

O amor me move. O amor me faz. Sou parte do amor e nem conheço o amor.

Textos

Desilusão
Entre o vasto tempo que tripudia
Sem qualquer zelo por meus sentimentos
Tornei-me um fantasma enquanto ainda ardia
No meu peito esse amor que foi encantamento

E como um  fantasma me refugiei um dia
Entre a solidão de uma alma morta
Por trás de troncos fiz meu túmulo, e tudo ardia,
Enquanto observava a tua porta

Senti o frio da morte no frio que ali fazia
Não era o frio que a carne corta
Mas o frio que só a alma consumia
Como aço das facas que a carne deixa morta

E o meu peito apodrecia
Pecado cometido que pelos vermes é consumido
Enquanto o corpo se contorcia
A espera da palavra que me faria ter permitido

Mas tu não vieste ver minha desgraça
Teus olhos repousaram noutra direção
E eu saí, como quem tudo disfarça
Carregando meus destroços em um velho caixão

Levando apenas para minha tumba a carcaça
E meu destruído coração
No epitáfio, mesmo que sentido não faça,
Esculpido terá: O amor lhe foi desilusão

Passarão infindáveis dias
Jamais haverá companhia
E passando por minha tumba ouvirão
O chocalho fatídico de meus ossos soando como um coração
Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 02/06/2024
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