Cárcere de um amor
Ah! Que sabeis para deitar pérfidas palavras
Assim, tão perfumadas pelo vil despudor A que deixou matar um doce amor? Que sabeis sobre a profundeza das feridas Das angustias vividas Do que se viu esvaída em lágrimas de dor? Mal sabeis a cor dos meus olhos Da pele que meu corpo cobre Da vida que se mistura a morte Então, como achas que podes Dizer sobre o que desconhece Se nunca até a mim vieste? Saiba que se eu assim pudesse Arrancaria o que me angustia E outra vida eu viveria Mas a incontestável verdade Torna-me refém de um pesadelo E sei eu de toda realidade E confesso ser consciente Do cárcere a que minha alma anda presa Em contemplação da imensidade Que vê através das grades E tal qual as tão ditas donzelas Que presas em torres se viam Vivo presa sonhando com mares e estrelas Sonhando com os grilhões quebrados Sabendo não haver príncipe encantado Mas tendo o amor e sua imortalidade E somente assim tendo o gosto da liberdade Corpo e alma presos… Romper com o que os prendem Sonho inocente Rasga no etéreo espaço da pureza Minha alma. Oh, alma minha! Presa e emudecida… Abandonada… Acorrentada em calabouço de dor Amor, doce amargo algoz! Fúnebre e atroz Nessa prisão largada Entre solitários silêncios Cujos sons possuem graves tons Ferem meus ouvidos Confundem meus sentidos Nessa prisão fria Entre grades de agonia Cadeados de grossas chaves Misterioso Que entre a ferrugem Guarda a alma e um mistério Junto a um amor eterno Então, não semeie palavras vazias Não digas coisas que abrem mais as feridas Diga apenas que amado é Não por um amor qualquer Mas por um que por tamanha pureza Não foi permitido romper com a natureza E assim, como um tesouro Entre grades o guardou Em cofre com delicado segredo Cuja mente não gravou Ficando para sempre Onde o deixou
Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 10/06/2024
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