Uma vida
Há uma menina
Nos sonhos se encontra Criança a sonhar Menina perdida Distante o seu olhar Vida que se esvazia Perdida Pérfida vida Meio sentida Quase encerra O seu caminhar E na garganta Sangra O que não quer calar: Quando a morte Por sorte Me vier buscar E distante O pudesse olhar E se eu morresse Esta triste noite E adormecesse Ias por mim chorar? Ao lembrar-se Da afinidade Que eu tinha Com o mar Ao rugitar Das ondas Ias de mim lembrar? Ao sentir o aroma Das acácias Pétalas enoveladas A saudade iria te encontrar? E, quem sabe Nesse momento Abraçada pelo vento De novo a sonhar Eu despertaria Noutro dia No teu corpo Mesmo de um jeito torto Só para contigo estar E tua voz Iria me despertar Modulada em canto Não haveria pranto Mas na minha frente A vida finda Em sonhos ainda Menina Se extenua Se desnuda E termina Como a cor reluzente Do sol poente Transparente Água Sol que queima Pele como ouro velino Brunirá E a vida vai sumindo Librado entre o tempo Estrídulos Pelo ar se propagará E como pantera Alto rugirá Escondendo-se Quase imóvel Entre a sombra E esfolharás Rugindo Emudecido Despercebido Pela poeira Me sufocarás E depois Só depois Entreabrirás as pálpebras Nosso amor reclinará E como o entardecer A luz perderá Sombrias trevas Tomará todo lugar Serena Um horizonte de betume E em tuas íris Me verei docemente Morrendo em tuas pupilas Em ar sereno A clausura será por fim Perfumada como jasmim Agora E há tanto tempo Perdi о sono Oscilo entre desejos Lampejos Quase ensandecida E no véu negro Dessa noite de agonia A pergunta me arrepia A morte virá esta noite? Tormento Sem lamento Apenas uma menina Sonho Ponto
Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 14/06/2024
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